18 março 2014

Resenha ( Nacional): Dom Casmurro

  

Autor: Machado De Assis
Páginas: 304
Classificação: 5/5
Sinopse: Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiúçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambiguidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.



Oi, oi amores! Hoje vou falar sobre um grande clássico da nossa literatura, sobre o qual é muio difícil de falar. Mas vou ser fiel ao que senti e o que consegui captar do livro.

Acho que a primeira coisa que deve ser dita sobre meu relacionamento com o livro é: Eu já tinha visto a série que passou na Globo, não tinha idade para gostar do que vi, mas mesmo assim adorei! E meu fascínio por Capitu e seus lindos " Olhos de ressaca", além de suas rodadas com aquelas saias esvoaçantes,essa é uma parte que eu me lembro bem da série. Ela dançando, rodando, com as saias girando, ao som de Elephant Gun do meu amado Beirut! Começa aí.

Capitu sempre me encantou por seu jeito de ser. Uma eterna incógnita para todos. Ela ainda consegue me surpreender sempre que lembro do que li e do que vi. Na época em que assisti a série, tive vontade de ler o livro. Mas o tempo passou e nada aconteceu. Agora alguns anos depois ganhei de presente o livro! E claro, corri para as doces páginas de Dom Casmurro.

Uma curiosidade engraçada, é  a explicação de Bentinho, do porque o chamam de Dom Casmurro. Vinha ele de trem de volta para casa, e eis que um aspirante a poeta começou a ler para ele seus poemas. Ele já cansado acabou cochilando. E o homem ofendido chamou-lhe Dom Casmurro. Seus vizinhos que já não gostavam dele, por seus hábitos reclusos o chamaram assim também, e seus amigos por achar graça, também passaram a chamar-lhe assim. E então o apelido pegou!

O livro começa com essa explicação e segue as memórias do já velho Bentinho, falando de sua mocidade. Ele se recorda muitas coisas da época, mas a que mais faz parte de seus pensamento é sua tão amada e vaidosa Capitu! Ele realmente a amava muuito! Aí o meu motivo para não me zangar com ele de forma nenhuma! Ele não se recorda de seu pai, que morreu ainda muito cedo, mas se recorda da fazenda e das lavouras aonde foi criado quando bebê. Morando em Matacavalos, com sua mãe Santíssima! Dona Glória, sua prima Justina, e seu tio Cosme. Além de seu agregado o saudoso José Dias. Nessa casa onde ele mora, vive também Capitu. Com seus pais maravilhosos, ela é uma menina muito a frente da idade, linda por natureza, é esperta e dissimulada. Sua alma, um mistério que ninguém desvendou.

Eles tem uma amizade muito bonita, ingênua, coisa de criança. Até que Dona Glória, insiste no seminário de Bentinho, e durante uma dessas conversas entre adultos sobre o tema, Bentinho escuta uma acusação um tanto inacreditável para ele, que o faz perceber que o que existe entre ele e  Capitu, deixou de ser só amizade a muito tempo! 

Durante toda a mocidade de ambos, temos acesso a um Bentinho bobo, frágil como um bebê, confuso como um adolescente, meigo como uma criança, mas com desejos de homem. Acho que é a única forma de descrevê-lo sem esquecer nenhuma de suas facetas. Capitu é uma só! Mas essa uma que ela é, é indescritível! Uma menina obstinada, inteligente, dissimulada, esperta e geniosa. Tudo isso banhado a leveza, beleza e sensualidade. Ela era terrível! 

" Mas a vocação eras tu, a investidura eras tu."

Eles passam a viver um amor puro, doce, e proibido. Mas logo não há mais jeito, e Bentinho entra para o seminário. É lá que conhece Escobar. Seu melhor amigo, não tão amigo assim.
A amizade deles é logo aprovada por todos, até mesmo por Capitu. Que já desconfio eu, desde essa época já tinha planos em sua mente obcecada. Mas enfim, após muitas tentativas frustradas de sair do seminário, Bentinho entra em consenso com sua mãe, que não queria por nada no mundo quebrar a promessa feita, afinal se não fosse por isso Bentinho nunca teria nascido! e consegue sair do seminário. Levando consigo Escobar é claro.

" Dividi-lo com Deus é ainda possuí -lo."

Sancha melhor amiga de Capitu e conhecida de Bentinho, se casa com Escobar. E Bentinho é claro, se casa com Capitu. Mas não pensem, aqui estou resumindo tudo para dizer o que achei, mas tem muita coisa antes de tudo isso. Bentinho me fascinou com seu jeito doce, infantil e confuso. Embora ele fosse muito ingênuo, ele tinha muitos pensamentos a quem de sua idade e de seus pensamentos normais. 

Acho que ele tinha um lado sombrio, que só descobriu muito depois, já quase no final do livro. Mas que não aflorou completamente. Foi se mostrando aos poucos durante o livro...
E esses foram um dos principais motivos pelo qual não conseguia levá-lo a sério. Ao mesmo instante em que ele pensava coisas terríveis, ele se arrependia mortalmente!

" Voilà mes gestes, voilà mon essence."

De um todo. Ele era perfeito! E teve uma vida linda com Capitu. Até o nascimento do filho. Esse filho tão esperado veio a ser o motivo do fim para todos! Esses quatro, que aparentemente eram incríveis juntos, tiveram uma história trágica. Com direito a adultério, amor e traição.


" Perde-se a vida, ganha-se a batalha."


Sancha e Escobar, tiveram uma filha. Capitu e Bentinho, tiveram um filho. Capituzinha, filha de Escobar e Sancha. Era a cara de Ezequiel, filho de Bentinho e Capitu. Ambos os filhos tinham seus nomes em homenagem aos amigos. Mas ao passar do tempo foi-se vendo que eram muitos parecidos! E Bentinho não suportou a ideia de ver seu filho crescer e se tornar a imagem fiel de seu melhor amigo. Melhor pra ele foi se livrar de Capitu e Ezequiel, mandando-os para Suíça. 

" Tu serás feliz Bentinho. Serás feliz..."

Rodeado por toda esse ar de tragédia Shakespeariana, com um olhar mais atento e assíduo para a realidade. Dom Casmurro me prendeu de uma forma inexplicável! É um livro absolutamente poético.Daqueles que fica na sua mente, durante muito tempo depois de você tê-lo lido.

Amizades destruídas, amores desfeitos e muita graça na escrita. Dom Casmurro, faz com seu leitor algo que não acontecia comigo em muito tempo. Ele conversa conosco. Ele conta a história como se estivéssemos sentados de frente um pro outro, com ele contando pra gente tudo que lhe aconteceu. Toda a sua dor colocada em palavras e uma xícara de café na mão.

Me senti na época dos escravos. Consegui ver a Capitu menina, andando pelas ruas de Matacavalos, pelo olhar tristonho e distante de um homem traído pelas duas pessoas que mais amou e estimou na vida.

Extremamente poético, me fez suspirar incontáveis vezes durante a leitura! Recomendadíssimo!!! Um grande clássico da leitura, que com certeza faz jus a sua classificação de clássico.

" O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum incidente."

Antes de terminar essa resenha, eu queria lançar aqui, um desafio que ele lançou no livro. Na página 128/129. Ele sugere que nós: " Tenhamos uma ideia para preencher o centro que falta." Ele se refere ao soneto, que quase criou para Capitu. Na verdade durante a escrita ele mudou várias vezes de assunto. Mas em suma era para Capitu. Ele só conseguiu escrever a frase de início e a última. Deixando o resto para quem quisesse escrever. Então eu tive a ideia de deixar esse espaço para se alguém se interessar, fazer o soneto, enviar para o e-mail do blog, e os melhores serão publicados aqui! No período de uma semana eu publico no blog, dando os devidos créditos ao escritor! Mandem!!! entreumlivroeoutro@gmail.com
As frases que ele criou, tem que fazer parte do soneto! Qualquer dúvida só entrar em contato pelo e-mail do blog! 

Frases:
" Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura." - de início
" Ganha-se a vida, perde-se a batalha!" - de final


"Que a terra lhes seja leve!"


Para ler ouvindo: 

Beirut - Elephant Gun:



Espero que tenham gostado e que não deixem de me enviar seus sonetos! Lembrando que pode ser poema e poesia também ;) 

Bjokas e até a próxima.

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