15 outubro 2015

Lá Vem Resenha (Especial): Que Fim Levou Juliana Klein?

                                     
Que Fim Levou Juliana Klein?Autor: Marcos Peres

Resenhista: Cilene Resende

Editora: Record

Páginas: 352

Classificação (da resenhista): 5/5

Sinopse: A morte de uma professora de filosofia revela a rivalidade – a princípio, filosófica – entre duas famílias proeminentes nas duas principais universidades do Paraná. A história é narrada por um psicólogo que conversa com uma misteriosa paciente, alocada no quarto 206 de uma clínica psiquiátrica. Seria possível que o assassinato tivesse como causa desavenças acadêmicas entre os Koch e os Klein, ambos clãs que migraram da Alemanha para o Sul do Brasil? Ou teria algo a ver com um segredo enterrado no passado? Em meio a discussões sobre Nietzsche e Santo Agostinho, somos conduzidos pelos meandros desse mistério por um dos escritores mais promissores da nova geração.

Hey amores e amoras! Pela primeira vez na vida sei exatamente como começar uma resenha rsrs. Vou começar agradecendo pelo carinho e consideração da autora da resenha, a linda Cilene, amiga e participante do nosso clube literário o Entre Leituras, se quiserem saber mais é só clicar no link, por ter cedido sua resenha maravilhosa, sobre esse livro maravilhoso. Obrigada linda! 

* * * * *


Antes de mais nada, preciso alertar para o fato de que esta é minha primeira resenha. Poderia ter escolhido algo menos complicado, mas não seria eu, haha.

A trama se inicia com a narração de uma psiquiatra que transcreve memórias e sonhos de uma paciente internada num suposto quarto número 206. [Post-it para esse fato do quarto 206! Meu faro de fã da literatura policial alerta.]

O tempo da narrativa viaja entre os anos de 2005, 2008 e 2011, com alguns flashbacks nas histórias das famílias Alemãs e rivais, Klein e Koch, ao século passado e no antigo continente, mas a escrita primorosa faz com que as transições não sejam caóticas, sem no entanto desmerecer a intenção de bagunçar a mente do leitor.

Embora as diferenças entre os Klein e Koch atuais sejam basicamente acadêmicas [Juliana Klein lecionando filosofia na UFPR e o ´Doutor Professor´ Franz Koch lecionando a mesma matéria na PUC], aos seus ancestrais coube iniciar a inimizade por conta de uma mulher, que despertou a paixão de dois homens: um Koch, que era seu noivo, e um Klein, que nem sabia que a moça era comprometida, e muito menos quem eram os Koch. Nem só de pão vive o homem, muito menos de filosofia, mas necessariamente de amor - sinto muito Nietzsche, Sartre, Platão, Dante Aliguieri e Santo Agostinho [eu disse que era complexo!], mas sem Shakespeare nada faria sentido nessa estória.

Discussões sobre antíteses e paradoxos, sobre predestinação e livre arbítrio, baseadas em Santo Agostinho, Sartre e Nietzsche envolvem a nova rotina do Delegado Irineu, destacado de sua cidade do interior do Paraná para ajudar na investigação de um crime na capital Curitiba, crime este que supostamente estartou uma série de outros assassinatos envolvendo as famílias Klein e Koch.

Irineu é descrito como um charmoso boêmio que acaba se envolvendo nessa história além do que deveria, com isso quero dizer se envolvendo nos braços (pernas) e na cama de uma Klein, o levando a ser passional e até mesmo irresponsável na seara profissional, doentiamente obcecado em solucionar a trama.

"Sinto em meu sangue. Vejo os fantasmas do passado e sei que o futuro tende a repetir - não é preciso ser um Klein ou um Koch para saber isso. Estudei Nietzsche e aprendi duas coisas. A primeira é que o livre-arbítrio é uma falácia, um argumento covarde dos que não conseguem perceber que o mundo, para o bem e para o mal, está escrito no passado. Nietzsche escreveu em uma parábola: 'Esta conversa, os detalhes desta conversa, o que somos, o que fazemos, tudo já foi feito.' A história é finita e cíclica. O fim gera um novo começo. E se o passado inevitavelmente se repete no futuro, devemos compreender, portanto, que o livre-arbítrio é um argumento não dos otimistas, mas dos hipócritas e dos estúpidos, que não conseguem ler o mundo à sua volta. Assim como na literatura: Montecchios e Capuletos, Klein e Koch, quantos não existiram, quantos ainda não existirão? Quantas vezes um delegado do interior não conversou com a filha de um estrangeiro, em busca de solucionar um caso? Somos arquétipos intemporais, Irineu. O que somos, já o foram muitas vezes, e o serão outras tantas, infinitas..."

Esse é meu destaque favorito no livro que me fez voltar a amar o gênero policial, porque me fez refletir por horas sobre o que vem primeiro, o ovo ou a galinha? Uma história pode se repetir, mas quando foi escrita pela primeira vez? Em algum momento se fez inédita... ainda vou pensar muito e não chegar a conclusão nenhuma, fato! Mas para Juliana a teoria cíclica de Nietzsche é nada menos do que óbvia.

Juliana Klein é casada com Salvador Scaciotto que também é acadêmico e eles tem uma filha, Gabriela Klein Scaciotto, que sofre todas as consequências de ver sua família sendo dizimada e com a possibilidade assente de ser a próxima vítima, ao passo que Irineu se sente responsável por mantê-la a salvo, o que, de uma forma surpreendente, é o que acaba acontecendo.

Que Fim Levou Juliana Klein, afinal de contas? Esse trabalho praticamente hercúleo de Irineu não chega ao fim com a última página. O autor inova no epílogo, mostrando aos leitores três hipóteses sobre o que pode ter acontecido com a personagem que leva o nome da obra. (E aqui me pergunto: seria possível ainda um outro fim?)

Esse livro conquistou meu coração com seus personagens fortes e intrigantes, me deixando com vontade de os conhecer ainda mais profundamente; com sua narrativa intensa, repleta de indagações, surpresas, revelações e reviravoltas, e ao mesmo tempo, fluida e coerente.

Minha leitura levou três dias, foi uma sensação de compulsividade, devorando as letras com os olhos, pois o gênero policial que eu tanto amo, com toda minha devoção ao Sir Arthur Conan Doyle, à preciosa Agatha Christie e ao genial Sidney Sheldon, foi muito bem representado por esse autor que escreve divinamente e que não tem nada de promessa da literatura nacional, só realidade.

Cilene Resende Manzato - maringaense, advogada, leitora compulsiva (que acha possível comparar ler um livro a comer bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro) e crítica amadora (e, na maioria das vezes, malvada) nos clubes de leitura pela internet a fora.

* * * * * 

Aproveito para deixar claro, que se alguém mais tiver o interesse é só entrar em contato! Adoraria ter resenhistas por aqui! rs. 

Novamente obrigada Cilene! Você escreve muito bem, e é uma pessoa maravilhosa! Obrigada por nos presentear com sua resenha maravilhosa!!

Etão amores, o que acharam?? Espero a opinião de vocês!!

Mil beijokas e até a próxima!

2 comentários:

  1. Ai que lindo ver minha resenha no seu blog que é maravilindo demais!!! Obrigada pelas palavras carinhosas para com a minha primeira resenha e para com a minha pessoinha! Beijos

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    1. kkkkk Só você mesmo Cilene! Já disse que você é a fofura em pessoa? Pois é, você é! Sobre sua resenha, só disse a verdade. Ficou perfeita!!! Obrigada por nos presentear com ela, e pela sua presença maravilhosa por aqui!
      Mil beijos linda!!

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