04 abril 2016

Lá Vem Resenha: Invisível


InvisívelAutor(es): David Levithan & Andrea Cremer

Editora: Galera Record

Páginas: 322


Sinopse: Stephen passou a vida do lado de fora, olhando para dentro. Amaldiçoado desde o nascimento, ele é invisível. Não apenas para si mesmo, mas para todos. Não sabe como é seu próprio rosto. Ele vaga por Nova York, em um esforço contínuo para não desaparecer completamente. Mas um milagre acontece, e ele se chama Elizabeth.
Recém-chegada à cidade, a garota procura exatamente o que Stephen mais odeia. A possibilidade de passar despercebida, depois de sofrer com a rejeição dos amigos à opção sexual do irmão. Perdida em pensamentos, Elizabeth não entende por que seu vizinho de apartamento não mexe um dedo quando ela derruba uma sacola de compras no chão. E Stephen não acredita no que está acontecendo... Ela o vê!
Stephen tem sido invisível por praticamente toda sua vida - por causa de uma maldição que seu avô, um poderoso conjurador de maldições, lançou sobre a mãe de Stephen antes de ele nascer. Então, quando Elizabeth se muda para o prédio de Stephen em Nova York vinda do Minnesota, ninguém está mais surpreso do que ele próprio com o fato de que ela pode vê-lo. Um amor começa a surgir e quando Stephen confia em Elizebth o seu segredo, os dois decidem mergulhar de cabeça do mundo secreto dos conjuradores de maldições e dos caçadores de feitiços para descobrir uma maneira de quebrar a maldição. Mas as coisas não saem como planejado, especialmente quando o avô de Stephen chega à cidade, descontando sua raiva em todo mundo que cruza seu caminho. No final, Elizabeth e Stephen devem decidir o quão grande é o sacrifício que estão dispostos a fazer para que Stephen se torne visível - porque a resposta pode significar a diferença entre a vida e a morte. Pelo menos para Elizabeth...




“Sou como um fantasma que nunca morreu.” 

Hey amores e amoras! Eu estava com esse livro esperando pela minha boa vontade de lê-lo a muito tempo. Mas não era falta de vontade não, estava mais para listas cheias e claro, mal organizadas, mas quando ele foi escolhido para debate no clube, eu não consegui parar de me recriminar por não tê-lo lido antes. 

“A sensação mais horrível do mundo, estar disposto a dar algo e saber que não é o suficiente.”

Stephen é uma pessoa como qualquer outra. Mas há um único detalhe nele, que o faz diferente de tudo que já vimos, e provavelmente veremos na vida. Ele é invisível. Simples assim. Ele nasceu como qualquer outra criança, mas sua mãe só pode sentir seu peso em seus braços. Ela nunca vira o próprio filho, que cresceu saudável apesar de tudo. Cresceu, se tornou um jovem, e vive como todos os outros jovens. Porém, não há mais ninguém por ele, já que sua mãe morreu e seu pai o abandonou a muito tempo, sendo apenas seu banco particular.

Quão grande é sua surpresa quando em um dia comum, ao voltar de um passeio no parque, seu lugar preferido na cidade, ele se depara com uma bela jovem atrapalhada, que ao derrubar suas compras, fica indignada por ele não se oferecer a ajudá-la. Mas como ele poderia? Ele é invisível para todos! Bom, menos para ela. Elizabeth, como nenhum outro, pode vê-lo.

“Acho que ele prefere livros a pessoas. – Sou a última pessoa que poderia chamar isso de falha de caráter.”

Esse início já me foi arrebatador. Não havia nada que me desgrudasse do livro, e não tive dificuldades por ser uma escrita compartilhada, porque graças aos céus, a escrita de Andrea é parecida com a de David. E como eu sou fã de carteirinha do autor desde Todo Dia, sua escrita viciante me contagiou facilmente, como se eu nunca tivesse deixado de ler seus livros. A escrita alternada entre Jo e Stephen/ Andre e David, também faz com que vejamos os lados de ambos os personagens, tornando muito mais fácil a leitura e compreensão do que se passa na história. 

Elizabeth é uma jovem muito esquentadinha. Desde o episódio com seu irmão, - que foi espancado por colegas de escola, pela sua opção sexual - Elizabeth, ou Jo, nunca mais foi a mesma. Se distanciou de seus colegas, se fechou dentro de si, e está o tempo todo na defensiva. Para proteger seu irmão, ela abnegou tudo. E quando seu pai simplesmente não compreendeu a situação, culpando o próprio filho pelo incidente, Jo, sua mãe e seu irmão se mudaram para Nova York. Onde em um dia comum, ao passar por uma situação complicada e ficar chocada com a falta de educação do rapaz que não se ofereceu para ajudá-la, ela entra na maior aventura de sua vida.

O mais intrigante da história, é que pela sinopse, você imagina que o livro vá girar em torno desse fato. A invisibilidade de Stephen. Mas o livro toma proporções inacreditáveis, entrando cada vez mais, em um mundo totalmente diferente do cotidiano de Nova York. 
Mesclando magia, romance e aventura na medida certa, esse foi um dos livros mais leves e gostosos que li até agora, esse ano. 

Após a descoberta da invisibilidade de Stephen, e tendo-o como a única pessoa, em muito tempo, com quem conseguiu conversar e se abrir, e por estar se apaixonando por ele Jo, resolve ajudá-lo. O problema é, como? É bem nesse ponto que as coisas começam a ficar ainda melhores... E se a autora não tivesse feito com que sua personagem desenvolvesse o complexo de não é tudo sobre você, o livro teria sido perfeito.

“Sei que há histórias épicas de romance nas quais amar significa uma expectativa de morte. Onde tudo gira em torno de sacrifício. Mas não quero morrer, nem quero que Stephen morra. Estou procurando uma situação na qual nós dois continuemos vivos. Onde possamos continuar com esta maravilha que é o amor, a descoberta e a confiança. Não estou nem pedindo um “viveram para sempre”. Apenas um “sobrevivemos nesse meio tempo” para que a vida possa continuar acontecendo como quiser.”

Jo, não é apenas uma pessoa normal. Há um motivo para que ela veja Stephen. Ela é uma rastreadora. Ela vê feitiços. E talvez, apenas talvez, se treinar muito, seja capaz de ajudar Stephen e sua maldição. Stephen, foi amaldiçoado por seu avô, mas o encantamento é tão forte, que coloca em risco não só a vida de Stephen, mas também a de Jo.

Essa parte da história poderia ter sido pura ternura, se a personagem não começasse a surtar com o fato de ter o dom de rastreamento. Ela começa a se preocupar demais com seu dom, com a força da magia, com a força do encantamento de Stephen, e a história perde o foco.

Foco, que só se reencontra já quase no fim do livro. O que reserva um meio um tanto lento, e cansativo enquanto acompanhamos Elizabeth em suas tentativas frustradas de salvar o mundo, e Stephen, depois de ter conhecido o que a companhia de alguém podia trazer de bom, estar sozinho de novo.

“Acho que essa poderia ser a maneira mais fácil de viver: simplesmente me concentrando nas coisas pequenas e não deixar a mente divagar até as coisas grandes. Mas é uma premissa falsa, construída sobre a ideia de que é possível escolher para onde sua mente vai. Ou para onde seu coração vai.”

Confesso que nesses momentos eu largava o livro um pouco e respirava bem fundo, para não gritar de frustração por conta de Elizabeth e Millie, sua treinadora. Millie é uma pessoa boa, porém é a única rastreadora viva que conhece a força desses encantamentos. E ao encontrar Jo, vê na menina, a chance de se refazer, vê a chance de não ser mais sozinha. Não se esconder... Mas como eu disse, isso tira o foco do livro, que é a maldição de Stephen, para o modo como a magia começa a subir a cabeça de Jo.

Os personagens secundários do livro são sensacionais. Millie, é uma mulher forte, porém solitária, que depois de muito se esconder crendo ser a última rastreadora viva, vê na maldição de Stephen a chance de fazer justiça pelo modo como passou sua vida, se escondendo de Arbus, avô de Stephen. A mãe de Elizabeth também é um amorzinho, queria ela para mim! 

Mas com certeza, depois de Stephen é claro! kkk , quem roubou a cena foi Laurie, irmão de Jo. Gente, que pessoa mais perfeita de linda é aquela? Sério, ele é perfeito em todos os sentidos. Dá leveza a trama, faz parte ativa da equipe, apoia a irmã em tudo, além de se divertido, espirituoso e esperto. Não se deixa abater por nada, e sabe exatamente o que é e o que quer. Ele é um ser humano e quer ser feliz! Eu amei de coração esse personagem...

“Acho que ele invejaria minha invisibilidade se soubesse que era possível. Mas como não sabe, fica com outras opções, invisibilidades mais voluntárias. Ele se esconde nos livros. Nunca olha nos olhos, por isso o mundo se torna indireto. Resmunga enquanto passa pela vida.”

Já o pai de Stephen, é um completo inútil. Não sabe de nada que possa ajudar o filho, tem uma nova família que não sabe da existência de Stephen e ainda por cima, desde que abandonara a esposa e o filho, por não conseguir lidar com a situação, apenas manda dinheiro para que Stephen possa se manter. Sozinho. 

Quando ele apareceu na trama, não consegui simpatizar com ele de jeito nenhum, e no final da história estava torcendo mesmo para que ele e Stephen se acertassem, mas apenas para que Stephen pudesse voltar a fazer parte da família da qual ele tanto sentia falta.

“Depois de algum tempo parei de me perguntar sobre os “por quês”. Parei de questionar os “comos”. Parei de notar os “o quês”. Permaneceu simplesmente minha vida, e eu simplesmente a conduzo.”

Do livro todo meu personagem favorito foi Stephen. Com seus olhos azuis da cor do céu, e seu jeitinho tímido, doce e encantador, eu não consegui resistir. Como sempre, Levithan arrasou no seu personagem. Um personagem doce, compreensivo e perfeito demais para ser real... kkk. Meu mais novo, amorzinho literário. 

"A solidão vem da ideia de que você pode estar envolvido no mundo, mas não está. Ser invisível é ser solitário sem o potencial de ser outra coisa além de solitário. Por isso, depois de um tempo, você se retira do mundo. É como se estivesse num teatro, sozinho na plateia, e tudo mais estivesse acontecendo no palco"

Elizabeth foi uma daquelas personagens em que hora eu amava, hora odiava. Não conseguia entender a mudança drástica que ela sofreu com a magia, e sinceramente em alguns momentos achei que Stephen deveria ter pegado um pouco mais pesado com ela. Às vezes, ela consegue ser cruel. Não gostei desses pontos da personagem. Por outro lado, ela é muito forte, determinada e decidida. Além de talentosa e doce quando quer. 

“Me amar é a sua maldição.”

O que mais amei nela, foi sua persistência em mostrar ao mundo que Stephen estava ali, e o modo como ela o defendeu de tudo e todos. Como se sua missão fosse proteger e amar aquele menino invisível, quando ninguém mais podia ver o que ela via nele. Ela não desiste nem mesmo quando tudo parece estar perdido. E esse lado de amor incondicional, me emocionou muito.

"Eu devia estar feliz. Na maior parte do tempo, estou. Na maior parte do tempo, feliz não é palavra suficiente para descrever como me sinto. Eu me perco em Stephen sem estar perdida. Eu me encontro em Stephen quando nem sabia que esperava ser encontrada."

O final do livro é outro ponto a ser melhorado. Ficou vago, aberto. Como se fosse haver outro livro. Porém, até agora, nenhum dos autores se pronunciou sobre essa possibilidade. Mas se não vai haver outro livro, então porque não encerrar tudo? Sem deixar pontas soltas? Realmente esperava mais do final, embora não tenha me decepcionado. Só queria que os personagens, principalmente Stephen, tivessem um (...) e foram felizes para sempre... 

 "Queria que houvesse um indicador pessoal de tempo, para que não tivéssemos que nos basear nos dias, semanas, meses e anos. Porque cada um de nós tem a própria unidade de medida, a própria relatividade. Distância entre amores. Distâncias entre destinos. Distâncias entre mortes.Ou apenas uma morte. A rapidez do tempo de antes. A eternidade do tempo depois". 

Bom, o livro é uma delícia e indico à todos. Leitura rápida, que emociona, diverte, encanta e ainda por cima, nos faz acreditar no impossível, imprevisível, no invisível. Afinal, há tantas coisas que sentimos e não podemos ver, que acho que não acreditar no invisível, depois desse livro, se tornou impossível...

''Estou participando de uma corrida na qual correr significa perder, e acabei de avistar a linha de chegada.''

Para ler ouvindo - Marcos Mengoni: Invincibile


Espero que tenham gostado e me contem o que acharam! Já leram? 

Mil beijokas e até a próxima! ^ ^

2 comentários:

  1. Oi, Anya!
    Eu vejo todo mundo elogiando o David, mas eu tive uma péssima experiência com ele em Will & Will que desisti de ler qualquer coisa dele.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Porcelana - Financiamento Coletivo

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    1. Oi Lu! Gente como assim, sério? A minha primeira experiência com o autor, foi em Todo Dia. E esse livro, eu posso te garantir, é sensacional. Você vai amar! E Will e Will é escrito em parceria com o John Green, então... kkk. Não li, e nem pretendo ler esse, mas tem um conto que li dele, que também não gostei. Entretanto, amo os livros do autor... Dá uma chance com Todo Dia, você não vai se arrepender!
      Mil beijokas!

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