11 maio 2016

Lá Vem Resenha: Em Busca de Abrigo


Autor(a): Jojo Moyes

Editora: Bertrand Brasil

Páginas: 434


Sinopse: A nova edição do romance de estreia da autora vencedora do prêmio RNA com A casa das marés Na noite da Coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953, a comunidade de expatriados de Hong Kong se reúne para celebrar o evento com uma festa. Enquanto os convidados tentam ouvir a cerimônia em um rádio antigo, Joy, uma jovem de 21 anos, se apaixona. Menos de vinte e quatro horas depois da festa, ela já está prometida em noivado ao rapaz, mas só tornará a se encontrar com o noivo um ano depois. Em 1980, um ato de rebeldia faz Kate, aos 18 anos, fugir do Condado de Wexford, na Irlanda, com sua filha ilegítima. Quinze anos mais tarde, Sabine deixa Hackney, o elegante bairro onde mora, em Londres, para visitar os avós que jamais conheceu e descobre que Wexford parece ter parado no tempo. Quando Sabine, sua mãe e sua avó voltam a se encontrar, um segredo de família cuidadosamente guardado é descoberto, bem como algumas verdades importantíssimas: o conflito entre o amor e o dever, as escolhas que as mulheres são obrigadas a fazer e o relacionamento entre mães e filhas. " Livro elogiado por autoras veteranas como Rosamunde Pilcher e Anne Rivers Siddons. " "A verdadeira sucessora de Rosamunde Pilcher e Maeve Binchy", segundo a Publishers Weekly. " Primeiro dos três relançamentos da autora com nova arte de capa - os próximos serão A Casa das Marés e Baía da Esperança. " Livro de estreia da autora vencedora do prêmio RNA (Romantic Novelists´ Association, 2003) com A Casa das Marés. 



Depois da decepção com Um Mais Um, consegui seguir com o desafio sem nenhuma grande surpresa. Em Busca de Abrigo me retornou ao amor que tenho pela escrita da autora. E muito embora, não seja um dos meus favoritos, sua delicadeza, sinceridade e sensibilidade me desarmaram totalmente. 

Nesse livro conhecemos a história de três mulheres de uma mesma família. Joy, Kate e Sabine. Vó, filha e neta, respectivamente. Cada uma com um passado pesado para carregar, um coração cheio de mágoa e ressentimento, e o desejo de recomeçar. 

Na coroação da Rainha Elizabeth II, Joy, uma moça de apenas vinte e um anos, está se esforçando para participar da festa em comemoração a coroação, da qual toda a alta sociedade de Hong Kong participa apenas por rádio. Mas em meio a tantas pessoas inconvenientes, ambiciosas e a procura de alguém para desposar, a menina se sente como um peixe fora d'água. Na verdade, Joy se sente assim, o tempo todo! E ao beber demais durante a festa, a moça passa mal e é amparada por um rapaz muito gentil. 

Edward Ballantyne é um soldado da marinha que parece ser exatamente tudo que faltava na vida de Joy. Um rapaz doce, educado, gentil, que a entende e compartilha de suas dúvidas, receios e desgosto com relação a sociedade em que vive. Por esse motivo, após uma única conversa enquanto cavalgavam, Joy soube que se haveria alguém com quem ela seria feliz esse alguém seria Edward, e resolve se casar.

Kate, a filha mais nova de Joy e Edward, é uma mulher complicada. Em nenhum momento consegui concordar com sua decisões ou me simpatizar com seus problemas e sofrimentos. Ainda muito perdida, Kate sempre foi a ovelha negra da família. Não compartilha da paixão dos pais - a cavalgada -, não gosta do lugar onde mora, e nunca se sentiu parte real da família. E aos seus dezoito anos de idade, Kate engravida de um pintor por quem nada sente e é expulsa de casa esperando Sabine.

Sabine é uma jovem bastante rebelde. Traumatizada pela constante mudança de namorados da mãe, o modo como sua mãe se comporta e a mudança drástica que sofre em sua vida ao ter de se mudar para a casa de sua avó, em alguns momentos pode ser mal compreendida. Mas por trás de toda a camada fechada, há uma menina doce, ingênua e sozinha. 

"Todo mundo tem o seu jeito de ser e, desde que não seja nada pessoal, a gente deve aceitar as pessoas como são."

E é assim, com essas três mulheres fortes, e um empurrãozinho do destino que descobrimos que nem sempre as coisas são o que parecem. As três, ressentidas com suas vidas, cada uma a seu modo, se distanciaram ao longo dos anos. Mas com essa reaproximação forçada, as máscaras cairão, verdades virão a tona e haverá, enfim, a chance de um recomeço.

Começo contando que estive o tempo todo pensando no que diabos haveria acontecido para que uma história de amor tão linda como a de Joy e Edward, pudesse ter gerado tanto ressentimento e frieza por parte de Joy na velhice. Além é claro, da ambição do filho e da falta de maturidade da filha. Foi uma enorme surpresa descobrir a causa de tudo isso.

Nessa história, nada é o que parece ser. E mesclando passado e presente, Jojo nos brinda mais uma vez, com uma história linda, delicada, sensível e fascinante, sobre sacrifícios, amor, traições, perdas e aceitação. Realmente não esperava que a história fosse tão surpreendente, e me peguei com o queixo caído e o coração em frangalhos com o final do livro e da história da Joy. Sério, doeu Jojo! 

Joy é uma moça cheia de vida, sonhos e planos. Uma das muitas de suas paixões é a cavalgada. Joy é fascinada pelos cavalos e pela liberdade que sente ao montar. Nunca se encaixando na sociedade em que vive, a moça sonha com o dia em que vai se encontrar e se encaixar em algo. Quando Edward aparece, tanto ela, quanto o leitor sentem que ela encontrou o que precisava. Mas como eu disse, nada é o que parece...

"E descobri que as coisas não se resumiam a uma só pessoa, à felicidade pessoal de alguém. Era uma questão de não desapontar os outros, de manter os sonhos das outras pessoas vivos." 

Fiquei extremamente apaixonada pela história de Joy. Minha personagem favorita da história, cheia de auto confiança e coragem, desafiou a tudo e todos com seu modo nada convencional em sua época de mocidade. Em seu casamento foi feliz ao extremo, e como é linda a relação dela com Edward! Suspiros mil, é pouco para descrever o que senti com a cumplicidade, amizade e amor que ambos compartilhavam. Por esse mesmo motivo, meu coração foi totalmente quebrado quando tudo que eu jamais podia imaginar, acontece.

"Um amor de verdade, (...) capaz de sobreviver aos altos e baixos do destino, como uma espécie de Romeu e Julieta dos anos 50, acima das coisas insignificantes e mundanas. O tipo de amor sobre o qual as pessoas liam em grandes livros, que inspirava canções." 

Kate é uma mulher muito inconstante, acho que por isso não gostei muito dela. Adora se colocar no papel de vítima e quando comete seus erros, sente pena de si mesma. E como ela erra! Kate se sente rejeitada por sua mãe desde sempre, e deixa que essa falta de amor a leve a procurar esse sentimento em outras pessoas. Porém, quando o tem, não sabe valorizar, manter ou cuidar. E acaba entregando seu coração nas mãos de quem não a entende, ou corresponda seu amor.

A pobre Sabine é apenas uma jovem, que ao ver sua mãe errar tanto, já se desesperançou e anda vagando pelas ruas de Londres. Mas ao passar um período com sua avó, além de se descobrir, conhecer amizades proveitosas e se apaixonar por cavalos, ela quebra a resistência de Joy. Um milagre que ninguém esperava. O começo de uma grande amizade que ameaça a única coisa que Kate achou que teria para sempre. Sua filha. 

"Eu estava tão determinada a fazer com que o nosso relacionamento fosse diferente, que minha filha tivesse todas as liberdades que me foram negadas. Que nós fôssemos amigas. Como é possível que ela, agora, me despreze?"

Confesso que quando comecei a história, e ela passou para o ponto de vista de Kate, não conseguia imaginar para onde poderia ir. Mas quando Joy ou Sabine estavam falando, eu não conseguia largar. Joy, se tornou uma mulher amarga e fria com o tempo, descontou em seus filhos sua dor e frustração, além de seus empregados não tem mais ninguém. A não ser Edward, que muito mal de saúde, já nem sabe quem é. E claro, Sabine. Que sem que Joy perceba, se torna sua amiga e fiel escudeira.

A parte mais bonita do livro vem da amizade de Joy e Sabine. A relação que as duas criam é realmente emocionante. Mas como sempre, o livro não fica apenas nos personagens centrais. Há muitos da época de Hong Kong, como a melhor amiga de Joy, que tem seu destino trágico. E sua mãe, que austera e infeliz, quase tornou a vida da filha um inferno. Há também os trabalhadores da fazenda. Anne, uma mulher depressiva que nunca se recuperou após uma grande perda; A senhora H., cozinheira da casa e amiga de Sabine; e Thom, o cavalariço que tem seu próprio passado e está tentando se redimir, e que se torna o melhor amigo de Sabine na fazenda. 

"Ela está com ciúmes porque se sente desapontada com a vida que leva, e não pode suportar a ideia de que alguém esteja prestes a me resgatar da vida que eu levo."

Todos os personagens secundários, são extremamente necessários para a trama. Todos tem seu próprio passado com a família Ballantyne, e todos eles conseguem cativar e emocionar.  Cada um com seu segredo, tornam a história um suspense sem fim.

O que mais gostei no livro é a carga emocional que ele traz. Você muda de acordo com os personagens. Quando vê a história de Joy, sofre por ela. Mas quando é a Sabine contando, se ressente com Joy... É um jogo de emoções como só Jojo Moyes sabe fazer. 

Outra coisa totalmente nova, e que pela primeira vez na vida conseguiu me emocionar de um modo bom, foi o final da história. Com todos os segredos revelados, ressentimentos esclarecidos e passado aberto, um final feliz não é o que essa história terá. Melhor dizendo, que Joy, não 
terá. E ainda assim, foi um dos finais mais lindos que já li na vida. 

Jojo me surpreendeu com a dureza e sinceridade ao final do livro. Ao mesmo tempo me emocionou e me colocou a pensar, sobre como até mesmo o mais profundo dos sentimentos pode ser encerrado por um único erro. E como esse único erro, é capaz de desestruturar três gerações...

Por fim, recomendo muitíssimo! Um livro doce, sincero, sensível, cheio de suspense, traição, intrigas e sacrifícios. Não há como não se apaixonar por essa história e seus personagens extremamente reais. E embora tenha um começo lento, do meio para o fim, o livro se torna viciante. Não há como ler sem se sentir um pouco Joy, Kate e Sabine. E quando se entra na vida dessas três mulheres, é difícil largar o livro sem ter entendido tudo o que lhes levou ao que são.

Espero que tenham gostado e que me digam: Já leram, querem ler? O que acharam?

Mil beijokas e até breve! ^ ^ 

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