13 julho 2016

{Lá Vem Resenha} A Fúria e a Aurora


Autor(a): Renée Ahdieh

Editora: Globo Alt

Páginas: 336


Sinopse: Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado. 
Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga. 
Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto.





Sejam bem-vindos à um reino de mármore e segredos. Um reino de fantasmas e sombras, dor e traição. Bem-vindos à uma história onde escolher apenas um lado é impossível. Onde a aurora é o fim. Onde dois jovens, guerrearão na pior guerra possível, a que acontece no campo de batalha do coração...


"(...) as palavras ecoaram à sua volta, enchendo seus ouvidos com a promessa de uma vida enraizada no passado.
De uma vida de reparação para seus pecados.
Uma centena de vidas por aquela que você tirou. Uma vida a cada aurora. Se você falhar uma única vez, eu lhe arrancarei seus sonhos. Vou tirar sua cidade de você.
E lhe subtrairei essas vidas, milhares de vezes."


Vou começar comentando que antes de ler o livro, encontrei uma resenha que começava assim: Uau! Faço dessas palavras as minhas ao falar desse livro épico. Uau!

"Viverei para ver o pôr do sol de amanhã. Não se deixe enganar. Juro que viverei para ver tantos pores de sol quanto for necessário.
E eu o matarei.
Com as minhas próprias mãos."

O livro baseado em "As Mil e Uma Noites", me despertou atenção desde seu lançamento lá fora. A capa era muito atraente e a ideia de ter uma releitura desse conto que tão pouco conheço, mas sempre gostei de ouvir sobre, foi algo espetacular. Com sua chegada ao Brasil, eu não podia estar mais ansiosa para tê-lo em mãos. Mas realmente não imaginava o impacto que ele teria sobre mim.

"Esse menino-rei, esse assassino… ela não permitiria que ele destruísse outra família. Que roubasse outra menina de sua melhor amiga… uma vida repleta de lembranças do que tinha sido e do que nunca mais seria."

Aqui conhecemos a forte, corajosa, altiva, decidida e destemida Sherazade. A menina de apenas dezesseis anos que nunca teve medo de nada, que sempre soube o que queria, que tinha tudo. A menina que viu seu mundo ruir milhares e milhares de vezes, ao perder sua melhor amiga, Shiva, para a aurora. Ou melhor, para o Califa de Khorasan. O menino rei, o rei dos rei, um monstro.

"A vida de todos está condenada, sayyidi. É apenas uma questão de tempo. E eu gostaria de viver mais um dia."

Esta também é a história de Khalid. Um menino de apenas dezoito anos, que ao perder sua mãe aos seis anos de idade, não sabe o que é o amor. Tem medo de conhecê-lo. O menino que teve de ser rei, antes de ser ele mesmo. O menino amaldiçoado, que perde um pouco de si a cada aurora.


"Ela olhou para ele, surpresa com o lampejo de vulnerabilidade em seu rosto.
O poderoso califa de Khorasan. O Rei dos Reis.
Seu lindo monstro."

Logo nas primeira páginas de A Fúria e a Aurora, eu estava presa a história do livro. Sherazade é tão cativante, que logo você está a anos luz de distância, em um reino, no meio do deserto. 


"Khalid não é meu amigo. Ele também não é meu inimigo. Ele é meu rei. Lembro-me do menino querido que ele era… com uma mente brilhante e inquisitiva. Uma alma viajante. A criatura ferida que ele é agora… estou cansado dela. Você vai me ajudar a curá-lo, Sherazade?"

Estou completamente encantada com a forma da autora de construir seus personagens. Cada um com uma personalidade, cada um com um ideal. Nesse livro, não há vilões e mocinhos. Todos já fizeram alguma escolha errada. Quem não fez, está prestes a fazer. Não tem como escolher um lado, ou odiar alguém, por amar. Mesmo que as atitudes impulsivas de alguns, levem a tragédias desastrosas...


"Uma perda é sempre uma perda. E a lição é sempre a mesma."

Sherazade mora com seu pai e sua irmã. Perdeu sua mãe muito nova, acredito que isso tenha influenciado sua personalidade forte. Seu pai nunca foi exemplo de coragem, mas Shazi, sempre foi muito esperta. Rodeada de amigos queridos, teve uma vida que muitos invejariam. Sabe andar à cavalo, ler e atirar flechas com uma mira inacreditável. Mas ela não sabe, não pode e não quer, lidar com a perda de sua melhor amiga.


"Você vê as coisas da mesma maneira como vive a vida. Sem medo."

Shiva, foi escolhida pelo rei, para casar-se com ele. Mas como em todos os outros casamentos do rei, a menina foi morta com uma corda de seda no pescoço, ao amanhecer. O motivo, ninguém sabe, mas para Sherazade não importa. Ela quer vingança... 


"— Diga-me, por que está aqui? — Parecia uma súplica em sua voz baixa.
— Promete que não vai me matar — ela sussurrou de volta.
— Não posso fazer isso.
— Então não há nada mais a ser dito."

Shazi é a minha mais nova heroína favorita! Forte, fala o que pensa, não tem medo de nada! Ela desafia ao próprio rei, como se o conhecesse a vida toda. Não tem como não torcer para que dessa guerra, ela saia vitoriosa. Até que a autora começa a nos guiar por um labirinto de sentimentos contraditórios, nos confundindo. E ao chegar ao fim do labirinto, você se encontra no meio dele. Longe de chegar à algum lugar... 


"— Então você acha que devo jogar Shazi aos lobos?
— Shazi? — O sorriso de Jalal se alargou. — Quer saber? Tenho pena dos lobos."

Outra coisa que me fascinou, foi o modo como ela desconstruiu seus personagens ao decorrer da história. Não há uma constante. Todos mudam da água para o vinho, e quem era o mocinho vira vilão. Quem era vilão... bem, é compreendido e perdoado. Sherazade e Khalid são completamente expostos à nós leitores. É magnífico! As máscaras caem, sentimentos florescem e segredos são revelados. E os personagens que conhecíamos no início, não serão mais os mesmos ao final. 


"Eu sei bem pouco, mas sei mais do que você, Khalid jan. Sei que o amor é frágil. E amar alguém como você é quase impossível. Como segurar algo quebrado através de uma furiosa tempestade de areia. Se quer que ela o ame, proteja-a dessa tempestade… Jalal se levantou, ajeitando sua insígnia da Guarda Real no ombro.— E certifique-se de que a tempestade não seja você."

Ao se infiltrar em busca de vingança, Shazi esperou encontrar alguém assustador, asqueroso e manipulador, alguém que realmente fosse um monstro. Mas as coisas começam a ficar difíceis quando ela percebe que por trás do rosto cansado, a postura fria e o olhar distante, há segredos obscuros que escondem um coração brilhante. 

Uma vez ouvi, que não dá para odiar as pessoas quando você as entende. Foi o que aconteceu com Shazi. Khalid, é um homem marcado a fogo, dor e traição. Seu pai, era o verdadeiro monstro. Sua mãe, vítima de sua própria ingenuidade e altivez. E o menino é só uma consequência de tanto horror. Após perder sua mãe, degolada pelo próprio marido, ainda criança; o irmão, que era treinado para reinar; e o pai, Khalid foi obrigado a assumir o trono. Porém, em busca de acertos, vinganças e liberdade, o menino rei acabou preso em sua própria armadilha.


"Isso é loucura. Ele me enfraquece. Ele me faz esquecer.
Eu devia afastá-lo.
Mas ela queria tanto aninhar-se contra seu corpo. Perder-se em mel e luz do sol e esquecer tudo, menos a sensação de ficar presa na armadilha tão tentadora que ela mesma armou."

É lindo acompanhar o amadurecimento de Khalid e Sherazade e ver o relacionamento conturbado e apaixonante que criam. Cheia de culpa e remorso, Shazi resiste ao sentimento que infortunadamente começa a nutrir pelo califa. E o menino rei, finge não se importar. Mas alguns segredos quando revelados, tem o poder de condenar e unir, formando laços inquebráveis. O segredo que Sherazade e Khalid compartilham pode ser a salvação ou uma maldição. 


"— O que você está fazendo comigo, sua praga? — ele sussurrou.
— Se sou uma praga, então você devia se manter a distância, a não ser que planeje ser destruído.
— Com a arma ainda nas mãos, ela o empurrou.
— Não. — As mãos agora na sua cintura. — Me destrua."

Os personagens secundários são incrivelmente bem construídos. Todos muito reais e com um valor inestimável na história. Acredito que alguns se sobressairão no segundo livro, porque para quem não sabe, essa é uma duologia. Mas confesso que não me encontro exatamente desesperada pela continuação. O final foi chocante e não pode acabar assim, mas a aflição pela qual passei com essa leitura, me diz que preciso me preparar para seu desfecho. Tenho medo do que virá!

Tudo o que posso dizer sobre essa história é que ela me deixou com o coração na mão o tempo todo! Senti meu coração rachar diversas vezes... Como eu disse, é difícil escolher um lado. Você torce por todos os personagens, quer que todos tenham seu final feliz para sempre particular. Todos estão lutando por uma causa nobre, pelo lado certo, pelo seu lado. A autora consegue brincar com o psicológico do leitor...


"Havia honestidade em seu ódio. Bravura em sua dor. Na sua honestidade, vi um reflexo de mim mesmo. Ou melhor, do homem que eu gostaria de ser."

Quando acompanhamos Khalid, sofremos com ele. Quando com Sherazade, queremos vingança e conforto, que ela encontre um jeito de fazer justiça e  amar sem culpa. Quando com Tariq, primeiro amor de Shazi, queremos apenas que as coisas não fossem tão difíceis. Que algumas coisas não mudassem... 


"Algumas coisas existem em nossa vida apenas por um breve instante. E nós as devemos deixar seguir para iluminar outro céu."

O livro é cheio de quotes lindos! Exatamente por isso, vou fazer um Só Podia Ser do livro. Aguardem! Os cenários da história são paradisíacos. A autora descreve tão bem, que não apenas lemos. Sentimos, escutamos, cheiramos e provamos. É um livro para os cinco sentidos. Lugares lindos, descrições perfeitas... Uma história que é tudo e um pouco mais.


"Você é… extraordinária. Todos os dias penso que vou ficar surpreso com quanto você é extraordinária, mas não fico. Porque isso é o que significa ser você. Significa não conhecer limites. E viver sem limites é tudo o que você faz."

Cada capítulo, um segredo. Cada página, um choque. Terminei o livro com a sensação de estarrecimento. Totalmente em estado de choque. Perturbada e fora do controle dos meus próprios sentimentos. Um livro que me tirou o sono e monopolizou meus pensamentos. Um livro sobre uma moça e um rapaz, lutando contra uma maldição. Contra o amanhecer...


"Falhei com você em uma última coisa. E aqui está a minha oportunidade de corrigir isso.
E nunca foi porque eu não sentisse. Mas porque jurei nunca mais dizer isso, e um homem não vale nada se não pode cumprir suas promessas.
E por isso eu escrevo para os céus…
Eu amo você, milhares de vezes. E nunca pedirei desculpas por isso."

Fico por aqui, implorando para que leiam e venham me contar o que acharam. Sinceramente, não recomendo, não indico, essa é uma leitura que te escolhe. Um livro com uma escrita forte e estonteante, contra indicado para corações fracos. Mas que encanta e surpreende até o último fio de cabelo de quem topa o desafio. 

Espero que tenham gostado e que me contem: Já leram? Querem ler? Enfrentarão a fúria da aurora?







Mil beijokas e até breve! ^ ^ 

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Oi, Lu!
      Com certeza, finalmente! Eu estou mega feliz que sejam só dois livros. Vai deixar menos espaço para erros. Amei a história! Já leu?
      Mil beijokas e volte sempre!

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