02 junho 2016

{Lá Vem Resenha} Baía da Esperança


Autor(a): Jojo Moyes

Editora: Intrínseca

Páginas: 301


Sinopse: Liza nunca conseguiu fugir do passado. Mas nas praias paradisíacas da encantadora comunidade de Silver Bay ela ao menos encontrou a liberdade e a segurança que procurava se não para ela, para sua filha pequena, Hannah, até que Mike Dormer se hospeda no hotel que Liza administra com a tia.Um perfeito cavalheiro inglês, com roupas elegantes e olhar sério, Mike pode significar o fim de tudo que Liza trabalhou arduamente para proteger: não apenas o negócio da família e o lugar que tanto gosta, mas principalmente a convicção de que ela nunca amaria nem seria digna de amor outra vez.


"Às vezes uma mentira é a saída para fazer os outros sofrerem menos."

Como começar uma resenha, quando a leitura te deixou sem palavras? Essa é uma missão quase impossível, mas que vou tentar expressar bem, em palavras. 

Comecei Baía da Esperança, acalentada pela capa que me contava uma história por si só. Essa mulher solitária, esses golfinhos, essa arte de capa... Bem que podia ser só impressão, ou vontade de gostar da história. Mas minha intuição diria que nos daríamos bem. minha irmã também!kk Ela acertou!


"(...) esta história é sobre um equilíbrio elusivo, sobre uma verdade com a qual todos lutamos, sempre que somos suficientemente abençoados para ser visitados por essas criaturas, ou, a rigor, sempre que abrimos nosso coração. A verdade de que, às vezes, podemos prejudicar algo tão maravilhoso por nossa simples proximidade. E de que, às vezes, acrescenta Mike em tom firme, não temos alternativa. Não se realmente quisermos viver."

O título da obra, resume bem o que vamos enfrentar com os personagens da história. Essa resenha não é sobre um livro perfeito, com personagens perfeitos. Mas sim uma resenha, sobre um livro que mesmo com todas as suas imperfeições traz a sua mensagem. Não há, melhor maneira de intitular o que acompanhamos nessa história se não esperança. Esse é com certeza, um livro sobre esperança...


"Mike diz que, na verdade, tudo se resume a uma história de amor, não sobre ele e Liza, ainda que baste observá-los rindo juntos para saber que é isso mesmo, mas sobre Liza e as filhas."

Conhecemos aqui a história de Liza, Mike, Hannah e Kathleen. Há ainda muitos outros personagens na história, mas é com esses que vamos sofrer, chorar e nos emocionar. O livro é narrado por todos. Temos capítulos de Liza, Mike, Hannah, Kathleen, Greg e outros personagens da história. Uma história contada por muitos ângulos. O que pode ser bom, mas também pode atrapalhar a desenvoltura do livro.

No começo, me perguntei, a cada novo capítulo que iniciava, de quem seria a história afinal. Mas quando me achei, foi amor sem fim. Dizer que logo de cara eu me apaixonei pela história, seria uma verdade e uma mentira. Sabia que iria amar, e já me sentia envolvida com o cenários e alguns dos personagens. Mas confesso que demorei para pegar o ritmo da leitura. E acredito que as cem primeiras páginas são desnecessárias e cansativas. O que atrasa o leitor e desanima um pouco.


"(...) lá estava eu, sorrindo para a câmera — de maiô aos dezessete anos, preparando para perseguir a mim mesma pelo resto dos meus dias."

É após o capítulo dez que as coisas começam a ficar realmente viciantes. Não dá mais para largar e você começa respirar o livro. Em alguns momentos, eu quase pude sentir a brisa do mar... E esse, foi o meu cenário favorito com certeza! As cenas dos baleeiros e dos passeios de barco; o salvamento de baleias e golfinhos; e em especial, a cena das redes fantasmas. Me emocionei profundamente. Triste, linda, doce, desconcertante, forte. 


"As baleias não ficam juntas a vida inteira. (...) e, como você sempre diz, Kathleen, devemos aprender com as criaturas à nossa volta"

O livro começa sendo narrado por Kathleen. Uma doce senhora que é conhecida em Silver Bay, por sua pesca inacreditável do maior tubarão da região.  Kathleen tem sua própria história, seu próprio passado. Mas não encontrei nenhum motivo para sua história ter tanto espaço no livro. Embora ela seja uma personagem cativante, sua participação traz muito pouco a história central. Não tendo nenhuma ligação com a história atual, contada no livro, seu passado é apenas mais uma história a ser ouvida, ou no caso, lida.


"Isto é o que não nos dizem sobre a velhice: não faz a gente parar de agir como uma jovem boba."

Kathleen nunca se casou. Seu pai, dono do hotel que ainda hoje é administrado por ela, sempre se orgulhou dos feitos da filha. Mas com uma proteção excessiva e um pouco doentia, não permitiu que sua filha se casasse. Acreditava que todo homem que se aproximasse de suas filhas, estaria interessado apenas em suas propriedades. 

"Não digo isto para me gabar, ou porque, parauma mulher de setenta e seis anos, é boa a sensação de um dia ter feito algo notável, mas porque, quando alguém está cercado por tantos segredos como eu, é bom dizer as coisas abertamente, algumas vezes."

Em sua mocidade, o que o pai de Kathleen dizia era lei. Ela nunca o contestou. Nunca se casou. Mas ainda assim, foi capaz de amar um único homem sua vida toda. E mesmo quando seu pai morreu e a esposa de seu amado se foi, Kathleen se manteve sozinha. Mas quanto tempo a vida pode esperar para que você perceba que a felicidade está nas suas mãos e o tempo acabando? 


"Meu pai achava que ele era igual aos outros, entende? Jurava que só estavam atrás da minha fama e do hotel. Só agora fico intrigada com um homem que foi incapaz de deixar sua filha acreditar que ela era boa o bastante para ser amada por ser quem ela é."

Liza é uma mulher solitária. No início do livro tudo o que ela demonstra ser é alguém marcado pela dor, com uma leve paranoia e excesso de proteção com sua filha Hannah. De expressão dura, poucos sorrisos e falas, Liza pode ser misteriosa e instável. E até entender pelo que ela passou, não dá para se apegar a ela. Na verdade, em vários momentos quis lhe perguntar qual era seu problema. Quando descobri sua história entendi. São muitos! 


"Mas Liza tem outras características — a vigilância, a tristeza constante, a cicatriz de um tom branco desbotado onde a bochecha se encontra com a orelha esquerda — que são só dela."

Embora Liza se mantenha na sua, se esforce para ser dura e nunca revele nada de sua vida, há algumas coisas que todos sabem a seu respeito. Como o único momento de paz que ela parece ter na vida. As saídas de barco para ver as baleias. Liza sempre parece encontrá-las, é como se elas fossem até Liza. Sua ligação com o mar é algo lindo de se ver. E como eu disse mais antes, eram essas as melhores partes do livro. 


"Silver Bay era uma cidadezinha linda, mas até um pedaço de paraíso fica feio quando não se tem permissão para deixá-lo."

Liza tem um único defeito em sua personalidade bem traçada. Sempre que a vida lhe parece dura demais, ela bebe como se a bebida pudesse salvá-la de seus problemas e dorme com Greg. Um dos baleeiros, que acaba de passar por uma separação traumática e que acredita ter pelo menos um pedaço do coração de Liza. Um doce engano...


"E agora, passados cinco anos, o que uma fotografia dela revelaria? Uma mulher mais sensata e forte. Alguém que talvez não tenha feito as pazes com o passado, mas cujo caráter traz uma determinação feroz de fugir dele."

Mike Dormer é um visionário. Um homem de muitas qualidades, mas seu maior orgulho é seu talento para os negócios. Sua vida é perfeita! Depois de muito esforço trabalha para uma grande empresa, com construções de grandes projetos, está noivo da filha do dono da empresa e se sente bem assim. Porém, Mike, não se dá conta de que sua vida inteira foi baseada em trabalho, dinheiro e nenhum amor. 


"Era provável que só eu acabasse chorando essa noite."

Preocupado em ser o orgulho dos pais e em seu âmbito profissional, Mike nunca se apaixonou de verdade. Adora ter Vanessa, sua noiva, no controle da situação. E quando está fora do trabalho, deixa que sua vida seja decidida e comandada pelo destino. 

Mas então, ele tem a chance de fechar um dos maiores projetos de sua vida. Ele só tem que conhecer o local primeiro. E é assim, que Mike Dormer chega a Silver Bay e coloca a vida desses tão pacatos cidadãos que vivem da pesca e observação de baleias, da dona da pousada Baía da Esperança e de uma linda mulher loira, muito solitária, de cabeça para baixo.


"(...) O mundo veio a baixo."

Não dá para fugir do passado para sempre. Hannah bem sabe disso. Uma criança que realmente passou por poucas e boas na vida, ela perdeu muito. Tem uma mãe extremamente traumatizada e um tanto neurótica, um passado que não pode ser relembrado e apenas sua tia K. para ajudá-la com sua mãe. Mas em meio a toda essa dor e receio, a garotinha sempre encontrou nos bichos marinhos um consolo. Muito empolgada com a vida, apesar de tudo, Hannah é sem dúvida um retrato de esperança. 


"Àquela altura, todos acreditávamos que a felicidade devia ser valorizada, se por acaso a sorte a soprasse na nossa direção."

Bom, os personagens são sensacionais. Os secundários, novamente, são muitos. E como sempre, formam uma rede de apoio aos personagens centrais. A turma dos baleeiros são os melhores. Não consegui desgostar de nenhum. Mas quando se apresenta personagens especiais e cativantes, em segundo plano, é claro que dá vontade de saber mais. O que quase sempre nos frustra por não acontecer... 

Yoshi, Lance e Greg são a graça da história. Baleeiros, amei cada um, a seu jeitinho. Yoshi é adorável! Com seu jeitinho doce conquista de cara. Lance é o cara que está sempre na paz. Nunca busca confusão e está sempre na sua. Um amor! Já Greg, quando não está tentando se rum idiota, é a pessoa mais engraçada da história. Consegue até se fofo! Mas em alguns momentos, eu realmente quis lhe dar uns puxões de orelha! 


"Mas eu não ia para o mar. Ia direto para o bar mais próximo beber até alguém ter a gentileza de me dizer que o dia seguinte tinha chegado. - Greg."

Há também Monica, irmã de Mike; Vanessa, noiva de Mike e Dennis, pai de Vanessa. Não vou negar, a família da noiva de Mike conseguiu me tirar do sério. Eu gostei muito da relação de paternidade que Dennis tinha por Mike, mas não dá para gostar dele quando se vê seu lado ganancioso acima do que é certo. Vanessa é uma mulher louca! Ambiciosa, metida e mimada, acha que tem o mundo em suas mãos por sua condição social. Não dá para engolir! 

Já Monica... Uma das personagens mais cativantes que já conheci! E se não fosse ela, uma das coisas mais importantes da história, não teria se resolvido. Uma irmã e tanto! Super companheira, prestativa, corajosa e engraçada. Amei!

O cenário de fundo é realmente paradisíaco! As viagens nos barcos, a descrição do mar e dos animais marinhos. As cenas de salvamento, de perdas e de apreciação. Me senti em Silver Bay! Cenário lindo, descrição perfeita... Não tem como não amar! 


"Escutei os cantos de amor e perda romperem o silêncio dos locais mais profundos do oceano, e chorei junto. Nesses cantos, dá para ouvir toda alegria e dor de qualquer mãe cuja felicidade está aprisionada ao coração do filhote."

Com certeza o que mais gostei nessa história, foram os laços de amor criados. Hannah e Mike! Não tenho nem palavras para descrever o sentimento de pai e filha que esses dois criaram juntos. Chorei muito com eles! Mike e Liza, um casal que parecia improvável. Mas que se mostrou tão inacreditável como o mar. Sem fim, dia revoltoso, dia calmo. Suave e reconfortante. Uma linda história de amor! 


"É que o barulho que minha mãe fez (...) expressava todo o amor e toda a dor do mundo."

Sobre o final, a história se desenrola muito bem. E embora haja muitos furos, e algumas coisas que dão vontade de entrar na história e resolver com as próprias mãos, o final é muito bom. A história segue um rumo previsível. Dá para entender tudo bem cedo, mas o desenrolar dos fatos ainda consegue surpreender. 


"Quem sabe dentro de todos nós exista uma necessidade perversa de chegar perto do que tem capacidade de nos destruir."

Super recomendo e espero que leiam, porque esse livro com certeza tem algo a ensinar. Mais uma vez, Jojo Moyes, me arrancou lágrimas, sorrisos chorosos, suspiros e me encheu da felicidade clássica e característica de quem acabou de ler o que pode ser um dos melhores livros de sua vida.


Observe o mar por tempo suficiente, seus humores e suas exaltações, suas belezas e seus terrores, e você terá todas as histórias de que precisa, de amor e perigo e daquilo que a vida nos traz em suas redes. E do fato de que às vezes não somos nós que estamos no leme, e não podemos fazer mais do que confiar em que tudo vai dar certo."

Espero que tenham gostado e que me contem o que acharam! Já leram? Querem ler? 


Fast Car - Tracy Chapman (Cover Jasmine Thompson)


Mil beijokas e eté breve! ^ ^ 

2 comentários:

  1. Oi, Anya!
    O livro não me chama muito atenção, mas quem sabe no futuro eu não leia.
    Beijos
    Balaio de Babados

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    Respostas
    1. Oi, Lu! Tudo bem, linda?
      Sério? Que pena...
      Tenho penado com a Jojo, mas esse foi uma agradável surpresa! kk.
      Quem sabe. Espero que se anime! ;)
      Mil beijokas :*

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